Governador Rui Costa
Para quem se acostumou ao completo silêncio da maior liderança institucional do Estado na última década em relação ao governo central, independentemente de seus erros e acertos referentes à Bahia, as críticas recentes do governador Rui Costa (PT) ao “agigantamento” da burocracia federal acenderam a expectativa de que finalmente há alguém aí disposto a defender os baianos na selva política que caracteriza Brasília. Não se pode dar às palavras de Rui maior dimensão do que efetivamente tiveram na solenidade de posse do ex-presidente da Caixa, Jorge Hereda, como seu novo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, na semana passada.
Rui Costa não deixou passar batida a oportunidade de firmar posição, ao aludir à sensação de inutilidade que inspira, num governante, uma máquina federal agigantada e extremamente cara ao contribuinte quando se analisa a dificuldade de atendimento de pleitos legítimos e cruciais para municípios e Estados pobres como a Bahia.
Mas se, na condição de presidentes do país, primeiro Lula e, agora, Dilma, acostumaram-se a encontrar na Bahia um parceiro político passivo, que sempre se acomodou às injunções em favor de Estados vizinhos como Pernambuco sem nada cobrar, sob o discurso de que faziam parte de um mesmo grupo de grandes amigos, o cenário parece prestes a mudar. Rui Costa tem apenas quatro meses como governador. Pelo pouco tempo de gestão e a trajetória que trilhou até eleger-se, deve estar ainda se sentindo devedor de sua vitória a Wagner e a Dilma, mas, mesmo assim, já começou a berrar. Ademais, o perfil do governador, em que inclui-se clara devoção à Bahia, está longe de caracterizar um resignado. Ainda bem, porque é exatamente de um guerreiro do que os baianos mais precisam neste cenário brasiliense de salve-se quem puder.